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- Daqui a pouco são dez horas e nada de você lá no hospital. Por acaso está com medo?
Engasguei. Essa foi minha reação logo de imediato quando escutei a voz estridente e aguda da secretária eletrônica.
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- Não seja ridículo.
Fui na cozinha pegar mais café, já que tinha engasgado o resto que estava na caneca. Enquanto o esquentava, peguei um cigarro. Curiosamente, eu não conseguia acendê-lo de maneira alguma. Eis que toca a campainha. Desliguei o fogão e vi pelo olho mágico quem era.
- ...
Permaneci em silêncio, tentando acender o cigarro.
- Sei que está aí. Consigo escutar o barulho do isqueiro. - disse, com a voz impaciente e mais grave que o comum.
Enquanto eu tentava acender o tal do cigarro, imaginei-o atrás da porta: cabelo despenteado, blusa de frio preta e all star sujo, costeletas mal feitas, cheirinho de banho e os olhos verde claro, assim como quando está nervoso. Estremeci.
- Como sabe que estou com medo? - perguntei, concetrada no bom e velho cigarro Luck Strike, com vontade de sentir seu gostinho tostado de sempre. Já impaciente, atirei o isqueiro no sofá e peguei os fósforos que estavam no bolso do casaco.
- Se uma garota diz que está tudo bem e não consegue acender seu cigarro é porque está com medo de alguma coisa. - disse, já com sua voz serena como de costume.
Percebi que minhas mãos estavam tremendo. Encostei-me na porta e deslizei até o chão, largando a caixa de fosfóro e o cigarro, encolhendo-me e encostando a cabeça nos joelhos.
- E desde quando você diz palavras tão bonitas assim? - perguntei rindo, para evitar choro e consequentemente, soluços.Um breve silêncio.
- Ah, desde sempre. - disse, também dando risada. Aquela risada.
- Idiota...
Lágrimas inundaram meus olhos
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