domingo, 27 de novembro de 2011

"Acabou que tudo confundiu você. E, assim, você esqueceu o essencial: para o homem que procura aliviar a sede na fonte, a inteligência e a paixão não são imposturas? Para que o homem se cumpra no êxtase ou na queda, ele precisa se agarrar ao presente. Apesar de fugaz, o instante conserva a sua eternidade própria, assim como o amor e até mesmo o desejo concebem seu próprio absoluto. Se você aspira metamorfosear o ser e o tempo, e as relações que os unem, acabará tornando seu um pensamento platônico que, afinal, afasta o homem do seu destino, deixando-o no terreno vago, brumoso e entulhado, primeiro do descrédito, depois da demência. Nesse universo ambíguo, cheio de maquinações e fanfarronadas, a força reside no ato de forjar a própria lucidez, aprisionar a própria verdade. Quem ama, cria ou recria, nem que seja no tempo de duração de um piscar de olhos, já conquistou uma vitória sobre a absurda fatalidade."

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