sábado, 20 de agosto de 2011

"... era o que restava, além do pesado vazio que se impunha sobre mim, a sequência da vida que me subjugava, implicando abandono, implicando resistência, implicando o existir e uma obscura esperança, fome e sede e um deserto de onde eu não sabia sair, não existia porta, janela, chaminé, túnel, corredor, escada, não existia saída nem entrada, nem chave, nem cofre, nem segredo, e não existia sótão, porão ou esconderijo, não existia passagem secreta, não existia saída, só se existia, eu, eu e uma cadeira, eu e um pernilongo, eu e uma estranha, eu e uma família, eu e um poema, eu e um céu, eu e um espelho que reflete tudo e tudo que é, é questionável e tudo que foi talvez não tenha sido."

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