tag:blogger.com,1999:blog-56011587773993593062024-03-13T17:00:56.440-07:00Pétalas EsquecidasSteff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.comBlogger293125tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-21120903017849289902015-11-20T11:55:00.002-08:002015-11-20T11:55:44.807-08:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esse mundo é complexo demais para a capacidade de compreensão humana.</div>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-10932187895813684872015-06-14T19:47:00.005-07:002015-06-14T19:52:15.513-07:00<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-UCD3LKk1030/VX49xycVztI/AAAAAAAAA7s/e3hAwDYsK-w/s1600/tumblr_mltfkeUo0K1qawpa6o1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="http://2.bp.blogspot.com/-UCD3LKk1030/VX49xycVztI/AAAAAAAAA7s/e3hAwDYsK-w/s400/tumblr_mltfkeUo0K1qawpa6o1_1280.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
“Bastar-se a si próprio, ser um todo em tudo por si mesmo e poder dizer levo comigo tudo que tenho é, seguramente, a qualificação mais favorável à nossa felicidade. Daí a máxima de Aristóteles: felicitas sibi sufficientium est [a felicidade é dos que bastam a si mesmos], que nunca devemos nos cansar de repetir. Pois não se pode contar com certeza mais que consigo mesmo; ademais, as dificuldades e as desvantagens, os perigos e os inconvenientes que a sociedade traz consigo são inumeráveis e inevitáveis.
Não há caminho que nos distancie mais da felicidade que a grande vida, a vida de festas e banquetes, a high life; porque seu objetivo é transformar nossa miserável existência em uma sucessão de alegrias, de delícias e de prazeres, um processo que inevitavelmente culmina na decepção e na desilusão; assim como seu acompanhamento obrigatório, o hábito das pessoas de mentir umas para as outras.
O homem só pode ser si mesmo por completo enquanto estiver sozinho; por conseguinte, quem não ama a solidão, não ama a liberdade; pois o homem só é livre quando está sozinho. Cada qual evitará, suportará ou amará a solidão na proporção exata do valor de seu próprio ser. Porque na solidão o mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o espírito elevado toda a magnitude de sua grandeza; em suma, cada qual sente aquilo que é. Ademais, quanto mais elevada for a posição que um homem ocupa na hierarquia da natureza, mais solitário será; isso é essencial e inevitável. Mas será benéfico a esse homem que a solidão física esteja em acordo com sua solidão intelectual, do contrário a frequente relação com seres de natureza distinta exerce sobre ele um efeito inquietante e mesmo prejudicial, visto que roubam-no de si mesmo, e não têm nada para oferecer-lhe em troca.
Em geral, não se pode estar em uníssono perfeito mais que consigo mesmo, não se pode estar com o amigo, tampouco com a mulher amada. Porque as diferenças da individualidade e do caráter produzem sempre uma dissonância, por menor que seja. Assim, pois, a paz verdadeira e profunda do coração e a perfeita tranquilidade do espírito, esses bens supremos na terra depois da saúde, não se encontram mais que na solidão e, para ser permanente, apenas na reclusão mais profunda. Quanto menos um homem for levado, devido a condições objetivas ou subjetivas, a entrar em contato com outros, melhor se encontrará. O isolamento e a solidão têm seus males, mas, apesar de não podemos senti-los de uma só vez, ao menos podemos investigá-los. A sociedade, pelo contrário, é insidiosa; oculta males imensos, às vezes irreparáveis, detrás de uma aparência de passatempos, de conversas, de entretenimentos sociais e outras coisas semelhantes. Um estudo importante para a juventude seria aprender a suportar a solidão, visto que é a fonte de felicidade e de paz de espírito. De tudo que acabamos de expor, resulta que aquele que leva a melhor parte é o que só conta consigo mesmo e que pode ser si mesmo no todo. Até Cícero disse: Nemo potest non beatissimus esse qui est totus aptus ex sese, quique in se uno ponit omnia [não se pode senão ser muito feliz quando se é apto por si mesmo e se põe em si todas as coisas]. Ademais, quanto mais o homem tem em si, menos podem servir-lhe os demais. Esse sentimento de autossuficiência é o que impede o homem de valor e mérito intrínsecos de realizar os consideráveis sacrifícios exigidos pela vida em comum, ainda mais de buscá-la à custa de uma evidente abnegação de si mesmo. É o sentimento oposto que torna os homens vulgares tão sociáveis e tão acomodados; visto que é mais fácil suportarem os demais que a si mesmos. Além disso, devemos lembrar que, neste mundo, aquilo que tem valor real não é apreciado e o que se aprecia não tem valor.
O que faz os homens sociáveis é sua incapacidade de suportar a solidão e, nela, a si mesmos. Seu vazio interior, fadiga e tédio os conduzem a buscar a sociedade e a empreender viagens a países estrangeiros. Seus espíritos carecem da elasticidade necessária para se imprimirem movimento próprio. Tentam melhorar sua situação por meio do vinho e, desse modo, muitos deles acabam se tornando bêbados. Por esse mesmo motivo, necessitam constantemente da excitação exterior e mesmo da mais forte, produzida por seres de sua espécie, sem a qual seus espíritos cedem sob seu próprio peso e caem em uma dolorosa letargia.
A solidão confere uma vantagem dupla ao homem de intelecto superior; a primeira de estar consigo mesmo, e a segunda de não estar com os demais. Essa última será altamente valorizada se tivermos em mente quanta restrição, inconveniência e mesmo perigo estão envolvidos em toda sociedade. La Bruyère disse: tout notre mal vient de ne pouvoir être seuls. [todo nosso mal vem de não podermos estar sós]. A gregariedade ou sociabilidade é uma das inclinações mais perigosas, e mesmo fatal, porque nos põe em contato com seres que, em grande maioria, são moralmente maus e intelectualmente limitados ou pervertidos. O homem insociável é aquele que não tem necessidade das pessoas; ter o bastante em si mesmo para que não se precise da sociedade é, portanto, uma grande felicidade. Aquele que cedo desenvolveu amizade ou mesmo afeto pela solidão adquiriu uma mina de ouro; todavia, isso não é possível a todos. Pois, assim como a miséria e a privação são o que primeiro aproxima os homens, também mais tarde, livres da necessidade, são unidos pelo tédio. Sem esses dois motivos, cada qual provavelmente permaneceria sozinho, ainda quando só fosse porque na solidão o ambiente que nos rodeia corresponde ao sentimento de importância exclusiva que cada qual possui aos seus próprios olhos, mas que é reduzido a nada pela corrente tumultuosa do mundo, recebendo a cada passo uma dolorosa contestação.
Quando um homem julga a sociedade desagradável e se sente justificado em fugir para a solidão, comumente mostra-se incapaz de suportar seu vazio, especialmente se é jovem. Aconselho que se habitue a levar à sociedade uma parte de sua solidão, e que aprenda a estar sozinho, até certo ponto, ainda que em companhia. Por conseguinte, que não comunique imediatamente aos demais aquilo que pensa; por outro lado, que não atribua demasiado valor ao que dizem. Pelo contrário, que não espere muito deles, tanto moral como intelectualmente, e que, desse modo, em relação às suas opiniões, exercite aquela indiferença que é o modo mais seguro de sempre praticar uma louvável tolerância. Ainda que esteja entre eles, não estará completamente em sua companhia, conferindo às suas relações um caráter puramente objetivo. Isso o protegerá de contatos demasiado íntimos com a sociedade e, por conseguinte, de todo contágio e, com maior motivo, contra toda agressão. Nesse sentido, a sociedade também pode ser comparada a uma fogueira na qual o homem prudente se aquece de uma distância segura, enquanto o tolo, chegando perto demais, queima-se e foge à gélida solidão, lamentando que o fogo queime.”</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
Schopenhauer</blockquote>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-59272699404855243902015-06-05T06:06:00.003-07:002015-06-05T06:06:32.369-07:00"好きな事から逃げたら後悔するぞ"<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-50155380044725460522015-03-29T13:13:00.003-07:002015-03-29T13:13:15.495-07:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sou muito mais do que vocês pensam. Assim como vocês são muito mais do que eu penso.</div>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-13332748926618337152015-03-05T16:20:00.001-08:002015-03-05T16:20:39.626-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-RLxrJDRnsKs/VPjyVYRUO9I/AAAAAAAAA6k/B1qtWFfvlHc/s1600/11046944_765341590228280_2342615_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-RLxrJDRnsKs/VPjyVYRUO9I/AAAAAAAAA6k/B1qtWFfvlHc/s1600/11046944_765341590228280_2342615_n.jpg" height="205" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
"That's why all I can do is believe, and keep running."</div>
<br /><div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-54044463788897497022015-01-28T12:23:00.001-08:002015-03-05T16:21:47.070-08:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-RngeNOnSejc/VMlEmaMQPSI/AAAAAAAAA6A/wggZH8QgyXI/s1600/tumblr_lbffroKQyh1qawpa6o1_r1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-RngeNOnSejc/VMlEmaMQPSI/AAAAAAAAA6A/wggZH8QgyXI/s1600/tumblr_lbffroKQyh1qawpa6o1_r1_1280.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Sometimes fate is like a small sandstorm that keeps changing directions. You change direction but the sandstorm chases you. You turn again, but the storm adjusts. Over and over you play this out, like some ominous dance with death just before dawn. Why? Because this storm isn't something that blew in from far away, something that has nothing to do with you. This storm is you. Something inside of you. So all you can do is give in to it, step right inside the storm, closing your eyes and plugging up your ears so the sand doesn't get in, and walk through it, step by step. There's no sun there, no moon, no direction, no sense of time. Just fine white sand swirling up into the sky like pulverized bones. That's the kind of sandstorm you need to imagine.
And you really will have to make it through that violent, metaphysical, symbolic storm. No matter how metaphysical or symbolic it might be, make no mistake about it: it will cut through flesh like a thousand razor blades. People will bleed there, and you will bleed too. Hot, red blood. You'll catch that blood in your hands, your own blood and the blood of others.
And once the storm is over you won't remember how you made it through, how you managed to survive. You won't even be sure, in fact, whether the storm is really over. But one thing is certain. When you come out of the storm you won't be the same person who walked in. That's what this storm's all about.”</div>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-12677936415226253072014-09-23T17:34:00.001-07:002014-09-23T17:45:44.091-07:00nighttiming<div style="text-align: justify;">
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-YJogpOxTv3M/Uoo-kJ0JdPI/AAAAAAAAA3o/n5c9V_iAkrw/s1600/rsz_1hand-420x306.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-YJogpOxTv3M/Uoo-kJ0JdPI/AAAAAAAAA3o/n5c9V_iAkrw/s1600/rsz_1hand-420x306.png" height="291" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
"De presente, se eu pudesse, pediria um dia com você, um dia e uma noite. Um dia em que nada tivesse acontecido, um dia inteiro em que a gente não tivesse machucado um ao outro. Um dia ouvindo você rir até perder o fôlego, só mais uma vez. Eu sinto falta da sua risada e de você me abraçando. Um dia só em que nada tivesse acontecido. Ou um dia só em que eu pudesse ser estúpida e fingir que não entendi que não dá, que chega, uma última vez, só mais uma vez."<br />
<br />
<br />
Texto da Renata Borges.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-3618947763722002882013-12-02T20:20:00.000-08:002013-12-02T20:22:57.931-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-zM30f6pdXJM/Up1YoKgnMmI/AAAAAAAAA4M/YmmMnks92qE/s1600/tumblr_layyx4i7VO1qawpa6o1_r3_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="http://4.bp.blogspot.com/-zM30f6pdXJM/Up1YoKgnMmI/AAAAAAAAA4M/YmmMnks92qE/s400/tumblr_layyx4i7VO1qawpa6o1_r3_1280.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"As suas lágrimas. São dias inteiros chorando, às vezes enquanto vê um filme ou conversa comigo, enquanto borda, enquanto urina, um riacho ininterrupto rolando pra baixo. Nunca a vi chorar dormindo, mas chora quando a visitam sem que ninguém perceba ou para de chorar quando chega alguém e recomeça imediatamente quando sai. Às vezes fica com a cara péssima, mas em geral tem o rosto neutro. Chora por ser covarde, chora principalmente porque não pode parar de chorar. Não há ventos fortes nem tufões, mas uma monotonia de laguna excessivamente salgada onde os peixes não conseguem sobreviver, apenas alguns sargaços rancorosos e caranguejos pré-históricos. Também quando sorri ou gargalha e posso ver as suas amídalas, também então mergulha nessa laguna. Não há nada fora da sua melancolia, por mais que ela se esforce e diga as palavras que todos forcemos para que diga, e faça isso com extraordinário senso de medida, sem euforia, sem otimismo demais. A verdade é que não está indo a lugar nenhum, não se movimenta propriamente entre um ponto cardinal e outro, marcos de fronteira que seu mundo não inclui. Está sempre em sua laguna de água parada, em seu mar morto e escuro, sem a borda de uma praia. A sua doença pode durar para sempre e o que vivemos até agora transformar-se no prefácio de um livro escuro. A vida inteira assim, quarto, cama, internações, em vez da morte com seu desfecho - sua pá de cal, o muro do seu sepulcro, seus órfãos pequeninos. Ela pode, porque pode tudo, ficar exatamente como está, quietinha em sua laguna, em seu mormaço."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<blockquote class="tr_bq">
Nuno Ramos</blockquote>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-1130656080047891272013-11-12T19:27:00.003-08:002013-11-12T19:30:31.393-08:00<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-V_Hg2X5rEHE/UoLyJ0VOvCI/AAAAAAAAA3U/QjOo0kD-aTg/s1600/48127_550319324987052_2113483087_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="263" src="http://2.bp.blogspot.com/-V_Hg2X5rEHE/UoLyJ0VOvCI/AAAAAAAAA3U/QjOo0kD-aTg/s400/48127_550319324987052_2113483087_n.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="text-align: justify;">"JOÃO:</span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Olho Teresa. Vejo-a sentada aqui a meu lado, a poucos centímetros de mim. A poucos centímetros, muitos quilômetros. Por que essa impressão de que precisaria de quilômetros para medir a distância, o afastamento em que a vejo neste momento? Olho Teresa como se olhasse o retrato de uma antepassada que tivesse vivido em outro século. Ou como se olhasse um vulto em outro continente, através de um telescópio. Vejo-a como se a cobrisse a poeira tenuíssima ou o ar quase azul que envolvem as pessoas afastadas de nós muitos anos ou muitas léguas. Posso dizer dessa moça a meu lado que é a mesma Tereza que durante todo o dia de hoje, por efeito do gás do sonho, senti pegada a mim? Esta é a mesma Teresa que na noite passada conheci em toda intimidade? Posso dizer que a vi, falei-lhe, posso dizer que a tive em toda a intimidade? Que intimidade existe maior que a do sonho? a desse sonho que ainda trago em mim como um objeto que me pesasse no bolso? Ainda me parece sentir o mar do sonho que inundou meu quarto. Ainda sinto a onda chegando à minha cama. Ainda me volta o espanto de despertar entre móveis e paredes que eu não compreendia pudessem estar enxutos. E sem nenhum sinal dessa água que o sol secou mas de cujo contacto ainda me sinto friorento e meio úmido (penso agora que seria mais justo, do mar do sonho, dizer que o sol o afugentou, porque os sonhos são como as aves não apenas porque crescem e vivem no ar). Teresa aqui está, ao alcance de minha mão, de minha conversa. Por que, entretanto, me sinto sem direitos fora daquele mar? Ignorante dos gestos, das palavras? O sonho volta, me envolve novamente. A onda torna a bater em minha cadeira, ameaça chegar até a mesa. Penso que, no meio de toda esta gente da terra, gente que parece ter criado raízes, como um lavrador ou uma colina, sou o único a escutar esse mar. Talvez Teresa... Talvez Teresa... Sim, quem me dirá que esse oceano não nos é comum? Posso esperar que esse oceano nos seja comum? Um sonho é uma criação minha, nascida de meu tempo adormecido, ou existe nele uma participação de fora, de todo o universo, de sua geografia, sua história, sua poesia? O arbusto ou a pedra aparecida em qualquer sonho pode ficar indiferente à vida de que está participando? Pode ignorar o mundo que está ajudando a povoar? É possível que sintam essa participação, esses fantasmas, essa Teresa, por exemplo, agora distraída e distante? Há algum sinal que a faça compreender termos sido, juntos, peixes de um mesmo mar? Donde me veio a ideia de que Teresa talvez participe de um universo privado, fechado em minha lembrança? Desse mundo que, através de minha fraqueza, compreendi ser o único onde me será possível cumprir os atos mais simples, como por exemplo, caminhar, beber um copo de água, escrever meu nome? Nada, nem mesmo Teresa."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
Os Três Mal Amados, João Cabral de Melo Neto.</blockquote>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-799542886810386072013-09-15T22:30:00.002-07:002013-09-15T22:30:15.226-07:00Lembrei<div style="text-align: justify;">
<i>01001001 00100111 01101101 00100000 01110011 01110100 01101001 01101100 00100000 01101001 01101110 00100000 01101100 01101111 01110110 01100101 00100000 01110111 01101001 01110100 01101000 00100000 01111001 01101111 01110101.</i></div>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-19576711224480680572013-07-04T21:44:00.001-07:002013-07-04T21:45:35.861-07:00Tô aqui.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-CmG3YCTmc9Y/UdZOl1ePEzI/AAAAAAAAAzs/6G0yL1qlakQ/s1200/1126_5_BTCIM_bokura_ga_ita_v02c01_p038.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="http://4.bp.blogspot.com/-CmG3YCTmc9Y/UdZOl1ePEzI/AAAAAAAAAzs/6G0yL1qlakQ/s640/1126_5_BTCIM_bokura_ga_ita_v02c01_p038.jpg" width="401" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-85800911011683816752013-06-05T18:44:00.000-07:002013-06-05T18:44:38.163-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Spb44LX10v4/Ua_nHYWlENI/AAAAAAAAAxo/ngGeew4sDU8/s1600/tumblr_m97vc5kVRF1qiu9h7o1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="261" src="http://3.bp.blogspot.com/-Spb44LX10v4/Ua_nHYWlENI/AAAAAAAAAxo/ngGeew4sDU8/s400/tumblr_m97vc5kVRF1qiu9h7o1_1280.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Afinal, como estipular um preço para um despertar entorpecido e esmagado pelo peso da imensidão do dia? Ou para o barulho das folhas das árvores sob o estímulo do vento? Ou ainda para o fluxo descompassado das pessoas num cenário quase que rotineiro? Como estipular um preço, como transformar em mera mercadoria esses olhos negros, esse par de pequenos oceanos que atravessa o meu coração?</div>
<br /><div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-58832920265507845722013-05-30T18:17:00.000-07:002013-05-30T18:17:19.709-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-EmeHrQekuKA/Uaf6AsfBoGI/AAAAAAAAAxY/xXV40uobC84/s1600/tumblr_lr3z0yoAcV1qawpa6o1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://3.bp.blogspot.com/-EmeHrQekuKA/Uaf6AsfBoGI/AAAAAAAAAxY/xXV40uobC84/s400/tumblr_lr3z0yoAcV1qawpa6o1_1280.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Nas alturas de nossa embriaguez, ele continuava dizendo que todo mundo é louco, e eu lhe dizia que sim, sim – todo mundo é louco. As pessoas são incompreensíveis, nada é como esperamos que seja. E enquanto observávamos, preocupados demais com a qualidade do metal que encontraríamos sob a terra, no final nos vimos no meio de uma terra que nós mesmos devastamos. A festa tinha acabado então. Pois se todo mundo é louco, eu lhe dizia na volta, com os bolsos vazios, isso nos torna mais loucos ainda."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
Thiago Dias.</blockquote>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-4259387932984267522013-05-24T20:12:00.001-07:002013-05-24T20:12:44.457-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-2SvKjiEUOgw/UaAnF0R5GhI/AAAAAAAAAw8/Nha1gad8RVA/s1600/leonilson+-+26-05-2011+038.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-2SvKjiEUOgw/UaAnF0R5GhI/AAAAAAAAAw8/Nha1gad8RVA/s400/leonilson+-+26-05-2011+038.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Foram montanhas? foram mares?</div>
<div style="text-align: justify;">
foram os números...? - não sei.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por muitas coisas singulares,</div>
<div style="text-align: justify;">
não te encontrei.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E te esperava, e te chamava,</div>
<div style="text-align: justify;">
e entre os caminhos me perdi.</div>
<div style="text-align: justify;">
Foi nuvem negra? Maré brava?</div>
<div style="text-align: justify;">
E era por ti!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As mãos que trago, as mãos são estas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Elas sozinhas te dirão</div>
<div style="text-align: justify;">
se vem de mortes ou de festas</div>
<div style="text-align: justify;">
meu coração.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tal como sou, não te convido</div>
<div style="text-align: justify;">
a ires para onde eu for.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tudo que tenho é haver sofrido</div>
<div style="text-align: justify;">
pelo meu sonho, alto e perdido,</div>
<div style="text-align: justify;">
- e o encantamento arrependido</div>
<div style="text-align: justify;">
do meu amor."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
Cecília Meireles.</blockquote>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-48407586300313273372013-05-24T19:24:00.000-07:002013-05-24T20:20:18.836-07:00Da Bela Adormecida<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-NQMvHjOKBns/UaAd8WspSKI/AAAAAAAAAws/zt2HW82qqI0/s1600/tumblr_l8fldmJJLs1qawpa6o1_r1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="http://1.bp.blogspot.com/-NQMvHjOKBns/UaAd8WspSKI/AAAAAAAAAws/zt2HW82qqI0/s400/tumblr_l8fldmJJLs1qawpa6o1_r1_1280.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
1</div>
<br />
"(Há névoa.)<br />
Um beijo seria uma borboleta afogada em mármore.<br />
Uma voz seria raiz perfurando cegueiras.<br />
As paredes unificaram feitios e cores. (Há névoa)<br />
e mesmo as janelas abertas estão fechadas com arminhos<br />
e as soleiras revestidas de musgos, líquens, pelúcias brancas.<br />
<br />
E fundiram-se as montanhas. (Há névoa), dissolveram-se no ar os mortos astros.<br />
As areias povoaram-se de avestruzes, ursos brancos, beduínos,<br />
imóveis, sentados, esperando.<br />
<br />
(Há névoa.) Entre água e céu invisíveis,<br />
suspendem-se os navios, desfigurados em ouro difuso.<br />
E as árvores encanecem, numa inesperada velhice.<br />
Se uma flor cair, não poderá dizer "Boa noite!" a nenhuma outra,<br />
porque de ramo a ramo, erram distâncias invencíveis.<br />
<br />
É assim como entre nós. Figura sem rosto, caminhante do mundo.<br />
<br />
(Há névoa.)<br />
Minhas palavras são folhas soltas no ar espesso,<br />
indo e vindo à toa, olhando apenas para si mesmas.<br />
<br />
No peso do ar fatigante, remam as minhas mãos e despedaçam-se.<br />
É sempre longe, mais longe. É sempre e cada vez mais longe.<br />
Oh! Se existisse um limite!<br />
(Há névoa.)<br />
<br />
Filtra-se por meus olhos a cinza da noite silenciosa.<br />
Caminha pelo meu sangue com o passo pegajoso da sua vida acre.<br />
Pousa em meu coração. Descansa. Adere à minha vida guardada...<br />
(Há névoa.)<br />
<br />
E no entanto, em minha memória, ainda existe uma espécie de música!"<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
Cecília Meireles.</blockquote>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-69013625698267694162013-05-24T19:03:00.002-07:002013-05-24T20:19:48.689-07:00E eu?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-JVOyfoY9NSY/UaAbygugxQI/AAAAAAAAAwc/XrjOUewBi5g/s1600/tumblr_mn90lnt0nA1qawpa6o1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://2.bp.blogspot.com/-JVOyfoY9NSY/UaAbygugxQI/AAAAAAAAAwc/XrjOUewBi5g/s400/tumblr_mn90lnt0nA1qawpa6o1_1280.jpg" width="400" /></a></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-81113215311456375242013-05-23T14:44:00.000-07:002013-05-24T20:20:45.261-07:00Fratura Exposta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-A6pc5RKQUvI/UZ6Ncxj_mEI/AAAAAAAAAwM/eYEmj0pm224/s1600/tumblr_mm0ovdiFSc1qawpa6o1_r1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="262" src="http://4.bp.blogspot.com/-A6pc5RKQUvI/UZ6Ncxj_mEI/AAAAAAAAAwM/eYEmj0pm224/s400/tumblr_mm0ovdiFSc1qawpa6o1_r1_1280.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Não dói a ausência. Dói isso que fica. Esse processo penoso que chamamos de luto não é falta, é presença. A chaga, a fratura, o órgão dilacerado, é esse vulto, essa imagem difusa que não nos deixa, a permanência do que não existe mais. O último “eu te amo” dito é um
fêmur que se parte em dois e que rasga o músculo. O primeiro segurar na mão dela é a clavícula exposta quando tudo termina. O beijo que
você relembra a cada fechar de olhos é um maxilar feito em pedaços."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
Marcos Donizetti.</blockquote>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-59319653316584005342013-03-17T18:44:00.003-07:002013-03-18T08:55:20.388-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-3GOmtUr_F1c/UUZuT3R3TuI/AAAAAAAAAu8/FzHKNWQuxcY/s1600/tumblr_mia25ikeSL1qh86vuo1_500.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="235" src="http://4.bp.blogspot.com/-3GOmtUr_F1c/UUZuT3R3TuI/AAAAAAAAAu8/FzHKNWQuxcY/s400/tumblr_mia25ikeSL1qh86vuo1_500.png" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Mas tudo isso é vento que passa. A essência dos suicídios não consistia em tristeza ou mistério, mas apenas em egoísmo. As meninas tomaram nas próprias mãos decisões que deveriam ser deixadas para Deus. Tornaram-se poderosas demais para viver entre nós, absortas demais em si mesmas, visionárias demais, cegas demais. Depois delas, o que permaneceu não foi a vida, que sempre sobrepuja a morte natural, mas uma lista absolutamente trivial de fatos mundanos: um relógio tiquetaqueando na parede, uma sala na penumbra ao meio-dia e o ultraje de um ser humano pensando apenas em si mesmo. O cérebro dela se distanciando de todo o resto mas flamejando em pontos específicos de dor, ofensas pessoais, sonhos perdidos. Todos os outros entes queridos retrocedendo como gelo arrastado pela corrente, encolhendo até se tornarem pontos negros agitando os bracinhos, fora do alcance dos ouvidos. E então a corda presa na viga, o remédio para dormir colocado na palma da mão junto à linha da vida comprida e mentirosa, a janela escancarada, o forno ligado, enfim. Elas nos fizeram participar de sua própria loucura, porque não conseguíamos deixar de refazer seus passos, repassar seus pensamentos, e ver que nenhum deles conduziam até nós. Não conseguíamos imaginar o vazio de uma criatura que encosta uma navalha nos pulsos e abre as veias, o vazio e a tranquilidade. E tivemos de esfregar os focinhos nos últimos rastros que elas deixaram, as marcas de lama no chão, as malas que serviram de degrau, tivemos de respirar para sempre o ar dos cômodos onde elas se mataram. No fim não importava quantos anos elas tinham ou que fossem meninas, mas apenas que as amamos e que elas não nos ouviram chamar, e ainda não nos ouvem, aqui em cima na casa na árvore, com cabelos rareando e barrigas moles, chamando-as para fora dos quartos onde entraram para ficar sozinhas para sempre, sozinhas no suicídio, que é mais profundo que a morte, e onde nunca encontraremos as peças para montá-las outra vez."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
Jeffrey Eugenides.</blockquote>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-9842478602448348862013-03-13T08:57:00.000-07:002013-03-13T08:57:00.323-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-CfXbeJqC320/UUCg8vyb05I/AAAAAAAAAus/IzveIAZf9hw/s1600/7992770759_21c0509892_z.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-CfXbeJqC320/UUCg8vyb05I/AAAAAAAAAus/IzveIAZf9hw/s400/7992770759_21c0509892_z.jpg" width="266" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
"a uma carta pluma</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
só se responde</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
com alguma resposta nenhuma</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
algo assim como se a onda</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
não acabasse em espuma</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
assim algo como se amar</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
fosse mais do que bruma</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
uma coisa assim complexa</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
como se um dia de chuva</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
fosse uma sombrinha aberta</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
como se, ai, como se,</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
de quantos como se</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
se faz essa história</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
que se chama eu e você."</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<blockquote class="tr_bq">
Paulo Leminski, 1988. </blockquote>
<br /><div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-56845134598599838512013-03-13T08:41:00.000-07:002013-03-13T08:41:28.119-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-r1ShdQ1CwmY/UUCcxJgxCeI/AAAAAAAAAuk/xzr_z6tI6BA/s1600/toulouse-lautrec_bed.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="305" src="http://1.bp.blogspot.com/-r1ShdQ1CwmY/UUCcxJgxCeI/AAAAAAAAAuk/xzr_z6tI6BA/s400/toulouse-lautrec_bed.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
"Amar você é coisa de minutos</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
A morte é menos que teu beijo</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Tão bom ser teu que sou </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Eu a teus pés derramado</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Pouco resta do que fui</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
De ti depende ser bom ou ruim</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Serei o que achares conveniente</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Serei para ti mais que um cão</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Uma sombra que te aquece</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Um adeus que não esquece</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Um servo que não diz não</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Morto teu pai serei teu irmão</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Direi os versos que quiseres</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Esquecerei todas as mulheres</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Serei tanto e tudo e todos</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Vais ter nojo de eu ser isso</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E estarei a teu serviço</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Enquanto durar meu corpo</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Enquanto me correr nas veias</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
O rio vermelho que se inflama</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Ao ver teu rosto feito rocha</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Sim, eu estarei aqui"</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
Paulo Leminski, 1968.</blockquote>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-17317315536593149172013-03-13T08:34:00.001-07:002013-03-13T08:34:23.031-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-ROLuHuL_qFM/UUCbxd4OOQI/AAAAAAAAAug/NWKkqTgQIik/s1600/passengers_01-500x600.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-ROLuHuL_qFM/UUCbxd4OOQI/AAAAAAAAAug/NWKkqTgQIik/s400/passengers_01-500x600.jpg" width="332" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
"tão longe eu lhe disse até logo</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
um pouco de tudo passou-se outra vez</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
e foi uma vez toda feita de jogos</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
aquela outra vez que não soube ser vez</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
pois voltou e voltou e voltou</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
sem saber que de duas uma</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
nunca são três"</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-48331912855702773532013-02-25T19:08:00.000-08:002013-02-25T19:08:30.709-08:00<div style="text-align: justify;">
Maio 1959 </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Carta a Mondrian </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Hoje eu me sinto mais solitária que ontem. Senti uma enorme necessidade de olhar o teu trabalho, velho também solitário. Dei com você numa foto fabulosa e senti como se você estivesse comigo e com isso já não me senti tão só. Talvez amanhã possa dar também de meus olhos, de minha solidão e de minha teimosia a alguém que será um artista como eu ou talvez mais ainda, como você. Não sei para que você trabalhava. Se eu trabalho, Mondrian, é para antes de mais nada me realizar no mais alto sentido ético-religioso. Não é para fazer uma superfície e outra... Se exponho é para transmitir a outra pessoa este "momento" parado na dinâmica cosmológica, que o artista capta. Você que era um místico deve quantas e quantas vezes ter vivido</div>
<div style="text-align: justify;">
"momentos" como esse dentro da vida, ou não? </div>
<div style="text-align: justify;">
Dizem que você detestava a natureza - é verdade? Pois eu senti hoje essa transcendência através da natureza, na noite, no amor - como você poderia ter raiva da natureza? Você não acha que a obra de arte é o produto de duas polaridades, que é a dinâmica da vida humana? Você estava preso à terra tão profundamente e o vôo no sentido da verticalidade era sua medida? </div>
<div style="text-align: justify;">
Pois a natureza me alimentou, me equilibrou quase que de uma forma panteística. Mas com o tempo, numa outra crise, já isto não adiantou e foi o "vazio pleno", a noite, o silêncio dela que se tornou a minha moradia. Através deste "vazio pleno" me veio a consciência da realidade metafísica, o problema existencial, a forma, o conteúdo (espaço pleno que só tem realidade em função direta da existência dessa forma...). </div>
<div style="text-align: justify;">
Mondrian: você acreditou no homem. Você fez mais: num sonho utópico, estupendo, pensou em eras vindas em que a própria vida "construída" seria uma realidade plástica... </div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez isto te salvasse da tua própria solidão. Pois eu, meu amigo, não sonho porque não acredito. Não por excesso de realismo mas para mim o coletivo só existe na razão desta desordem de ordem prática e social. Se o homem não pode sentir como é importante esse desenvolvimento interior - chamemos de uma forma que nasce com a pessoa como um punho fechado, talvez se abrindo no primeiro tempo com o próprio nascimento - então ele jamais poderá atingir sua plenitude como a rosa que se abre dentro do seu próprio tempo e morre amorosamente realizada, inteligente e feliz... </div>
<div style="text-align: justify;">
Mondrian, um segredo eu vou contar: às vezes, eu me sinto tão desesperada, porque no momento em que "checo" este problema a solidão, o frio, "o medo do medo" me envolvem com todos os seus braços e procuram fechar este novo tempo que desabrocha na minha forma interior, amassando pétalas frescas e delicadas que levarão novo tempo para se abrirem como se abre um olho devagar, depois de ter levado um bom murro. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mondrian, se sua força pode me servir, seria como o bife cru colocado neste olho sofrido para que ele veja o mais depressa possível e possa encarar esta realidade às vezes tão insuportável - "o artista é um solitário". Não importam filhos, amor, pois dentro dele ele vive só. Ele nasce dentro dele, parto difícil a cada minuto, só irremediavelmente só. Você seria talvez a chuva que molha a flor que nasceu na areia ou no asfalto, se você prefere, pois é cidade e não natureza. </div>
<div style="text-align: justify;">
Você hoje está mais vivo para mim que todas as pessoas que me compreendem, até um certo ponto. Sabe por quê? Veja só se tenho razão ou não. Você já sabe do grupo neoconcreto, você já sabe que eu continuo o seu problema, que é penoso (você era homem, Mondrian, lembra-se?). No momento em que o grupo foi formado havia uma identificação profunda, a meu ver. Era a tomada de consciência de um tempo-espaço, realidade nova, universal como expressão, pois abrangia poesia, escultura, teatro, gravura e pintura. Até prosa, Mondrian... Hoje a maioria dos elementos do grupo se esquecem desta afinidade (o mais importante) e querem imprimir um sentido menor a ele, quando preferem que ele cresça sem esta identidade para mim imprescindível, numa tentativa de dar continuidade superficial a este movimento. Você bem sabe que, no cubismo, as formas foram várias mas, no sentido mais profundo que era esta nova realidade espacial, foram respeitadas. Só o tempo a meu ver traria continuidade real a este movimento. </div>
<div style="text-align: justify;">
Agora, velho, simpático mestre, diga-me com toda franqueza: meu desejo é deixar o grupo e continuar fiel a esta minha convicção, respeitando a mim mesma, embora mais só que ontem e hoje, eu serei amanhã, pois as pessoas que se aproximaram um dia, há bem pouco tempo, se afastam desorientadas sem enfrentarem a dureza de estar só num só pensamento, sem resguardar o sentido maior, ético, de morrer amanhã, sozinha mas fiel a uma ideia. Diga, meu amigo: é duro, é terrível porque é deixar de ter, mesmo sem me afastar realmente do grupo, pois já se fragmentou a unidade, a verdade dura e terrível feita a sete para se multiplicar em realidades pequenas - reconfortantes por certo, às centenas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje eu choro - o choro me cobre, me segue, me conforta e acalenta, de um certo modo, esta superfície dura, inflexível e fria da fidelidade a uma ideia. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mondrian: hoje eu gosto de você."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
Lygia Clark.</blockquote>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-32366299233884151022013-02-25T19:02:00.001-08:002013-02-25T19:03:33.544-08:00"(...) os descompassos entre arte e vida"<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-JQKYwfHzqjw/USwlpGCIQmI/AAAAAAAAAuM/5LwXsC5lFj8/s1600/OndasParadasdeProbablidade_MS_1960s_2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="347" src="http://3.bp.blogspot.com/-JQKYwfHzqjw/USwlpGCIQmI/AAAAAAAAAuM/5LwXsC5lFj8/s400/OndasParadasdeProbablidade_MS_1960s_2.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"O que me preocupa é captar a passagem da vivência imediata, com toda a sua força empírica, para o símbolo, com sua memorabilidade e relativa eternidade. Sei que se trata, no fundo, do seguinte problema: a vida imediata, aquela que sofro, e dentro da qual ajo, é minha, incomunicável, e portanto sem sentido e finalidade. O reino dos símbolos, que procuram captar essa vida (e que é o reino das linguagens), é, pelo contrário, antivida, no sentido de ser intersubjetivo, comum, esvaziado de emoções e sentimentos. Se eu pudesse fazer coincidir esses dois reinos, teria articulado a riqueza da vivência na relativa imortalidade do símbolo." </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
Mira Schendel.</blockquote>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-82583120099835723792013-02-25T17:10:00.000-08:002013-02-25T17:10:45.517-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-KLfVcHiLwgo/USwKYCqp4aI/AAAAAAAAAt8/4vKVPrdPAZ8/s1600/2bd988f7ce517e76e1eb83bf8452953b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-KLfVcHiLwgo/USwKYCqp4aI/AAAAAAAAAt8/4vKVPrdPAZ8/s400/2bd988f7ce517e76e1eb83bf8452953b.jpg" width="258" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
"Rika, in spite of everything, the days flowed by and got faded, like the colors of this postcard... Everytime we think about being happy again, it hurts to be alive. Because it seems an inordinate thing for us to wish for. And because we think that day never come for us. And that's why the only thing we can do for now is just try to get through each night. Just as this girl has helped me come this far, I pray that the young man who's by you now will carry you over to tomorrow."</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
Shuu-chan. ♥</blockquote>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5601158777399359306.post-33631261481344882892013-02-25T08:26:00.000-08:002013-02-25T08:26:26.459-08:00"Museu é o mundo"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-YpN1l9AUdbM/USuMs68UiEI/AAAAAAAAAts/vcPVmM1vLmU/s1600/helio-oiticica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="255" src="http://3.bp.blogspot.com/-YpN1l9AUdbM/USuMs68UiEI/AAAAAAAAAts/vcPVmM1vLmU/s400/helio-oiticica.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Hélio falava sobre o "Delirium Ambulatório", uma espécie de movimento criativo que ele desenvolvia em suas caminhadas pela cidade, principalmente pelo centro do Rio de Janeiro, passando pelo Mangue, entre a Central do Brasil e o Morro da Mangueira, que o levava aos mais variados vislumbres sobre formas de novas obras. Nessas caminhadas criativas, ele sempre levava um bloco de fichas, que chamava <i>Index Cards</i>, onde anotava os detalhes para seus projetos. Como um explorador em um grande labirinto, Hélio se deslocava no espaço urbano, fosse de ônibus ou a pé, reconstruindo o mundo como um grande quebra-cabeça, a ser esmiuçado e reinventado, como em seus <i>Núcleos</i>, em que retira a pintura da prisão bidimensional e a joga no espaço, como quem quer revelar a sua essência, enquanto cor, tempo, estrutura e obra diretamente conectada à vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando criança, Hélio decorou todo o <i>Guia Rex</i> da cidade do Rio de Janeiro. Ele conhecia as diversas linhas de ônibus, inclusive todos os seus pontos. Daí, inventou uma brincadeira chamada "motorista de ônibus", que parava em todos os pontos, segundo suas sequências em cada linha. Mais tarde, ele imaginou uma cidade, a qual chamou de Segunda Parte de Belo Horizonte, e fez dela uma imensa planta. Essas histórias, mais que meras curiosidades, nos levam a entender sua forma de pensar, desde criança até seus últimos trabalhos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assumindo sempre uma posição de observador, ele se debruça com intensidade sobre determinado mundo e o disseca, de tal maneira que pode dominá-lo totalmente, a ponto de desmontá-lo, dando a ele uma nova feição. Sua visão anárquica não se contenta com fórmulas prontas. Na verdade, a desmontagem de alguns preceitos, tidos como rígidos e institucionalizados, nos revela sempre um novo mundo, uma nova possibilidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em sua práxis, Hélio trabalhou como um inventor que constrói suas obras a partir de descobertas, geradas em sua vivência diária, seja no Morro da Mangueira ou no contato com a obra de grandes mestres, como Klee ou Mondrian, e reveladas em profundas pesquisas plásticas, sensoriais e culturais. Então, inicia um processo de mitificação, seguido pelo de "desmitificação", quando se apropria de certas formas que, muitas vezes, reconstrói adiante em arte. "Desmitificação", aliás, foi um conceito caro para Hélio nos seus últimos anos, como podemos ver em suas últimas entrevistas, onde ele ressalta o seu processo de desmistificação como uma maneira de desconstruir mitos."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
César Oiticica Filho.</blockquote>
<div class="blogger-post-footer">pétalas</div>Steff http://www.blogger.com/profile/07926588708006174583noreply@blogger.com0